Criopreservação de oócitos para fertilidade futura: comparação da resposta ovariana entre pacientes oncológicas e não oncológicas
Data
2018-03-27
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Editor
Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais
Resumo
Fundamentos: a criopreservação de embriões humanos em ciclos de fertilização in vitro (FIV), é uma técnica bem estabelecida, confiável e realizada rotineiramente nos laboratórios de reprodução assistida. Já a criopreservação de oócitos ganhou importância por se tornar uma opção para preservar a fertilidade de mulheres com câncer ou outras doenças cujo tratamento pudesse comprometer a sua reserva ovariana. Atualmente, o grupo que mais procura a criopreservação de oócito é o de mulheres que têm desejo de serem mães, mas que não vêem possibidade de engravidar no momento, seja por falta de parceiro ou questões profissionais, econômicas ou pessoais. A diferença entre este dois grupos é: as pacientes que congelam seus oócitos por adiamento da maternidade são saudáveis, enquanto as pacientes oncológicas são portadoras de uma doença consumptiva, potencialmente letal. Questiona-se se as pacientes oncológicas teriam uma reserva ovariana menor, apresentando uma resposta inferior durante a indução da ovulação. Objetivo: avaliar se a ocorrência de um diagnóstico de câncer interfere, de alguma forma, na função ovariana, previamente ao tratamento da doença. Material e métodos: estudo retrospectivo, através da análise de prontuários e do banco de dados eletrônico do laboratório com informações referentes aos ciclos de estimulação ovariana para criopreservação de oócitos. Resultados: A idade média foi de 35,13 ± 3,72 anos, e 51,6% delas tinham entre 36 e 40 anos. A maioria das pacientes era solteira, 57,6% nos dois grupos. 82,1% das pacientes apresentava peso normal à avaliação do Índice de Massa Corporal (IMC), em ambos os grupos. A maioria das mulheres não teve nenhuma gravidez (85,5%), nenhum parto (95,1%) e nenhum aborto (89,6%) anterior ao tratamento de criopreservação. A maioria das pacientes, 85,9%, realizou apenas uma punção. Na maioria dos ciclos foi usado o protocolo Antagonista tanto para o grupo não oncológico como para o oncológico (74,4% e 86,4%, respectivamente). O número médio de unidades de gonadotrofina (FSH e hMG) utilizado foi 2.288,1 ± 1.159,4 para as pacientes não oncológicas e 2.355,9 ±1.182 para as pacientes oncológicas. Para 28,3% das mulheres houve 13 dias de indução até o dia da punção ovariana. O número médio de oócitos obtidos, para as pacientes não oncológicas, foi 11,4 ± 8 e para as pacientes oncológicas esse número foi 13,8 ± 9. O número médio do oócitos maduros congelados foi 9,7 ± 7 para o grupo não oncológico e 11,2 ± 7,2 para o grupo oncológico. A maioria (63,1%) das pacientes estudadas congelou até 10 oócitos por ciclo. O câncer mais incidente foi o de mama. Não houve diferença significativa na resposta ovariana de acordo com o tipo de câncer. Conclusão: A resposta à estimulação ovariana das pacientes oncológicas e não oncológicas é semelhante, já que o número de oócitos obtidos e congelados dos dois grupos estudados foi semelhante.
Abstract
Background: the cryopreservation of human embryos in in vitro fertilization (IVF) cycles is a well-established, reliable and routinely performed technique in assisted reproduction laboratories. Oocyte cryopreservation gained importance because it became an option to preserve the fertility of women with cancer or other diseases whose treatment could compromise their ovarian reserve. Currently, the group that seeks the oocytes cryopreservation most is women who have a desire to be mothers, but who do not see the possibility of becoming pregnant at the moment, either for lack of partner or professional, economic or personal issues. The difference between these two groups is: patients who freeze their oocytes by postponing motherhood are healthy, while cancer patients are carriers of a potentially fatal, consumptive illness. It is questioned whether the cancer patients would have a smaller ovarian reserve, presenting a lower response during ovulation induction. Objective: evaluate if the occurrence of a diagnosis of cancer interferes, in some way, in ovarian function, prior to the treatment of the disease. Material and methods: retrospective study, through analysis of medical records and the electronic database of the laboratory with information about ovarian stimulation cycles for oocytes cryopreservation. Results: The mean age was 35.13 ± 3.72 years, and 51.6% of the pacients were between 36 and 40 years old. The majority of patients were single, 57.6% in both groups. 82.1% of the patients presented normal weight to the body mass index (BMI) in both groups. Most women had no pregnancies (85.5%), no births (95.1%), and no abortions (89.6%) prior to cryopreservation. Most patients, 85.9%, performed only one puncture. In most cycles, the Antagonist protocol was used for the non-oncologic and oncological groups (74.4% and 86.4%, respectively). The mean number of gonadotrophin (FSH and hMG) units used was 2,288.1 ± 1,159.4 for non-cancer patients and 2,355.9 ± 1,182 for cancer patients. For 28.3% of the women there were 13 days of induction until the day of the ovarian puncture. The mean number of oocytes obtained for non-cancer patients was 11.4 ± 8 and for cancer patients this number was 13.8 ± 9. The mean number of frozen mature oocytes was 9.7 ± 7 for the non oncological group and 11.2 ± 7.2 for the oncological group. The majority (63.1%) of the patients, frozen up to 10 oocytes per cycle. The most incident cancer was the breast cancer. There was no significant difference in ovarian response according to the type of cancer. Conclusion: The response to ovarian stimulation of oncological and non-oncological patients is similar, since the number of oocytes obtained and frozen from the two groups studied was similar
Descrição
Palavras-chave
Criopreservação de oócitos, Câncer, preservação da fertilidade; Oocyte cryopreservation, Cancer, Fertility preservation.